Eleições à vista: estratégia no caso dos emails pode jogar a favor de Rui Costa
A decisão do Benfica, SAD, de abdicar da fase de instrução no processo dos emails pode ter implicações importantes no futuro do clube e nas eleições presidenciais marcadas para outubro de 2025. Segundo Lúcio Correia, professor de Direito do Desporto, esta estratégia jurídica pode favorecer a recandidatura de Rui Costa, ao evitar que o julgamento interfira diretamente no ato eleitoral.
De acordo com o jurista, a decisão da SAD de avançar diretamente para julgamento demonstra uma estratégia bem definida. “A fase de instrução é facultativa e, muitas vezes, não beneficia as partes. Assim, a posição do Benfica evidencia que prefere realizar toda a prova no julgamento, organizando melhor a sua defesa e utilizando a audiência como palco principal,” explica Lúcio Correia em declarações exclusivas a A BOLA.
A escolha de renunciar à instrução, além de proteger a SAD de um desgaste público prolongado, adia consideravelmente o desfecho do processo. “É altamente improvável que haja um julgamento antes do final de 2025. Mesmo com a discussão no ato eleitoral, não haverá uma decisão final até lá,” acrescenta o professor, reforçando que os prazos legais tornam qualquer conclusão rápida quase impossível.
Rui Costa: de testemunha a recandidato
Embora Rui Costa não esteja na lista de arguidos — ao contrário de Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves, acusados de corrupção ativa e fraude fiscal —, o atual presidente terá de participar no processo como testemunha principal do Ministério Público. Nesta condição, será obrigado a depor, uma vez que, ao contrário de um arguido, não tem o direito ao silêncio.
“Como testemunha, Rui Costa terá de falar, mesmo que não queira, sob pena de cometer um crime,” sublinha Lúcio Correia. Apesar disso, a ausência de acusações diretas contra Rui Costa e a estratégia da SAD podem mitigar o impacto do caso nas eleições, permitindo que o atual presidente se apresente como um líder focado na estabilidade e na defesa do clube.
Benfica sob escrutínio
O processo dos emails envolve acusações de corrupção ativa e fraude fiscal contra a Benfica, SAD, e os antigos responsáveis Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves. A decisão de abdicar da fase instrutória não elimina a gravidade das acusações, mas mostra uma aposta clara em enfrentar as questões em tribunal, com uma estratégia processual robusta.
Enquanto isso, as movimentações jurídicas continuarão a ser um tema delicado, mas a postura de Rui Costa poderá consolidar a confiança dos sócios, especialmente com as eleições à porta. O desfecho do julgamento ainda está distante, mas o impacto político no universo encarnado já começou.
